quinta-feira, 28 de abril de 2011

Memória IAPÔI Cineclube












No Natal de 2009 o IAPÔI Cineclube resolveu realizar uma sessão especial, uma sessão Presente de Natal.

Há mais de 30 anos que os festejos juninos na cidade de Goiana são fortemente marcados pelo o coco de seu Sebastião Grosso, dono de versos de uma rima muito rica e que embala a festa até o dia raiar, e como falava ele, aqui na minha casa o cacão pia e quem quiser brincar aqui é o lugar.

Esta festa é adornada de uma energia tão mágica e gostosa de ser sentida que talvez se justifique por ocorrer na sala de sua casa, que além de salão de festas no período junino, é o terreiro para sua mulher, Mãe Rita, onde ela cultua as forças do Candomblé.

O fato é que no início de 2008 foi realizado um documentário contando um pouco da história de Sebastião e seu Coco de Roda no São João. Porém, antes mesmo do curta finalizado, Seu Bastião Grosso, como também era conhecido, morre vítima de uma parada cardíaca e deixa toda a sua comunidade em luto.

Este documentário fez carreira em alguns festivais e até já tinha sido exibido no IAPÔI Cineclube, porém por mais incrível que possa parecer, a família e a comunidade em torno na casa de Sebastião ainda não tinham visto o documentário.

Baseado neste fato, no dia de natal, 25/12/2009 os cineclubistas do IAPÔI fizeram uma “Sessão Presente de Natal” para todos os familiares e comunidade que tinham como figura patriarcal o Seu Bastião, O Rei do coco.

A exibição começou pontualmente às 19hrs, a tela ficou montada dentro do terreiro entre as imagens de Yemanjá e São Jorge. O local estava repleto de filhos, netos e até bisnetos. Ao ver Sebastião na tela as reações foram as mais diversas, algumas filhas choravam, a viúva, Mãe Rita, reclamava com as que choravam e argumentava que não havia motivo pra chorar pois estavam vendo o pai ali na tela e em suas palavras: “como se tivesse vivo”.

Ao mesmo tempo em que Mãe Rita reclama das lagrimas das filhas, ela mesmo quase não conseguia segurar suas próprias lagrimas.

As crianças riam ao ver/relembrar do avô ou bisavô e se divertiam com aquele presente de natal que não tinham pedido ao Papai Noel, ainda foi a primeira vez que um bisneto, de pouco mais de um ano viu o avô em imagem em movimento e áudio.

Neste momento nos cineclubistas percebemos que os verdadeiros presenteados formos nós mesmos pela oportunidade de participarem de um momento tão especial como aquele, onde exalava boas energias de uma felicidade expressa em sorrisos verdadeiros. Nesse momento, se amontoavam nas janelas os vizinhos da comunidade para ver um pedaço do Rei do Coco.

Após o termino do filme não houve papo, logo pediram para repetir o filme e foi o que foi feito, mais uma vez o filme do Rei do Coco, patriarca da comunidade de Nova Goiana, foi rodado e cada vez chegava mais gente, nesse momento já não cabia mais ninguém no terreiro de Mãe Rita.

Ao fim da atividade não houve dúvida em presentear Mãe Rita como o DVD do filme.

Presente esse que foi aceito com um sorriso mais sincero que uma mulher de mais de 70 anos pode abrir em seu rosto.

Após a exibição naturalmente foi se instigando nas expressões do povo a necessidade de gritar festa, e logo se podia ouvir vindo da cozinha da humilde casa azul, cor de Yemanjá, os versos de coco acompanhados de batuques feitos por netos de Sebastião.

Essa foi a exibição que pretendíamos presentear a comunidade e saímos presenteados. O fazer cineclube muitas vezes tem dessas coisas, coisas lindas que emocionam e fazem nos sentir bem. Bem vivos.

2 comentários:

  1. Fico feliz em saber que o cineclube Iapoi esteja parabéns por esses dois anos, mas como participante desse sonho todo que foi a gravação do curta e do CD de Sebastião Grosso, gostaria em comtribuir e corrigir as algumas informações que encontram erradas, primeiro Sebastião Grosso e sua familia chegaram a ver a sua propria história retrada no curta, isso aconteceu no pátio do alvorada em junho de 2007 e e o curta ficou pronto no final de 2006 pra começo de 2007. Concordo que a comunidade do Mutirão e não Nova Goiana como está no texto, não tenha nunca assistido. Outra, assim que o filme como os cds ficaram prontos foi entregue a Mãe Rita uma copia, eu mesmo fiz essa entrega, agora ela mãe Rita se queixava por ter emprestado a copia e fiquei incubido em conseguir uma outra. No mais é isso só para contribuir Caio e abrilhantar ainda mais essa festa de dois anos... um abraço, Serginho da burra.

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  2. Parabéns pelo Cineclube por esta sensível iniciativa! Sem dúvidas, essa ação é uma grande contribuição para a preservação do patrimônio cultural de Goiana, e para valorizar a autoestima da comunidade de Nova Goiana. Adorei participar da produção do curtametragem e ter a oportunidade de deixar um singelo registro da uma pequena parte do legado de Sebastião Grosso!

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